As meninas em vida, de forma informal, costumavam arrecadar donativos como alimentos, vestimentas, brinquedos e de posse das doações visitavam instituições como o “Lar de Miriam” e “Lar das Vovozinhas” para realizar a entrega, destinando um turno de suas vidas para atividades lúdicas e sociais nesses lares. Em dezembro de 2012, Flavia Torres, sentiu a necessidade de procurar uma creche comunitária para direcionar as doações e realizar trabalhos lúdicos pedagógicos, uma vez que ela e Mirela Cruz cursavam Pedagogia na UFSM. Através de uma pesquisa na internet, Flavia encontrou o endereço da creche “Criança Feliz” e após uma visita para conhecer o trabalho da escola, ela e as meninas decidiram realizar campanhas sistemáticas para auxiliar essa escolinha.
Em dezembro realizaram a primeira entrega de donativos a essa creche. Em janeiro de 2013 já haviam arrecadado um número significativo de doações quando ocorreu a tragédia, interrompendo fatalmente essa iniciativa. Na semana em que se completariam sete dias da tragédia, a mãe da Flavia- Fani Vilanova Torres estava preocupada com o que fazer com as doações acumuladas em sua casa e de que forma iria devolver às pessoas que haviam contribuído. Assim, a prima-irmã de Flavia, Marília Torres disse que nada seria devolvido e sim entregue à escolinha como era o desejo das meninas. De imediato, lançou a ideia de criar uma ONG que se chamaria “Para Sempre Cinderelas” em homenagem às meninas, por sua vaidade, beleza e bom coração. Uma ONG que daria o suporte emocional aos familiares das meninas, que uniria as mães dando um sentido à vida e ao legado das filhas. Assim, da união de familiares e amigos das cinco meninas, foi criada a ONG “Para Sempre Cinderelas”, que traz como identidade visual a representação dos sapatos de cada uma delas.
Em longo prazo, o objetivo da ONG é ampliar ainda mais o número de entidades beneficiadas, bem como adquirir uma sede própria, onde funcionará além da sede da ONG a primeira Creche da ONG “Para Sempre Cinderelas”, voltada ao atendimento gratuito de crianças em situação de vulnerabilidade social, cujos pais (beneficiados com o programa “bolsa família”, catadores, diaristas, autônomos) precisam de um lugar para deixar os filhos durante o turno de trabalho. Depois de estabelecida a creche da ONG, pensa-se na possibilidade de torna-la uma creche- abrigo para meninas vítimas de abuso, violência familiar, bem como é desejo dos familiares estabelecer cinco creches em regiões periféricas de Santa Maria com o mesmo tipo de atendimento, recebendo cada creche o nome de uma das meninas que inspiraram sua criação.